10 abr ENTENDENDO OS TELÔMEROS E A TELOMERASE
Dra. Rosangela Arnt
Médica CRM-Pr 8502 Nutróloga RQE 10.481
O nosso código genético, dentro do núcleo de cada célula do organismo humano, que contêm a receita de como fazer as proteínas necessárias para a composição e funcionamento dos tecidos e órgãos, é composto por cromossomas. Esses cromossomos são estruturas compostas de DNA que, por sua vez, carregam os genes de um ser vivo, responsáveis por definir as características físicas particulares de cada indivíduo. Todas as informações genéticas de determinado indivíduo, como a cor dos cabelos, a cor dos olhos, a estrutura física, e outras características hereditárias, estão presentes no DNA da pessoa. Os seres humanos possuem 46 cromossomos, divididos em 23 pares, sendo 44 autossomos e 2 sexuais (CANO, 2006).
A parte final de cada cromossoma é chamada de telômero. Essa porção não tem codificação de proteínas, ou seja, não pode fazer uma proteína através dessa informação. Então para que existem? E como são utilizados? Descobriu-se que a cada multiplicação celular, nos processos de regeneração e manutenção da função, os telômeros encurtam. São parte do relógio biológico da vida.
Em 2009 o prêmio Nobel de Medicina fez grandes revelações em relação ao envelhecimento: foi dado a três cientistas que descobriram a telomerase! Essa é a enzima que constrói os telômeros, descoberta pelos cientistas americanos, que também explicaram o mecanismo pelo qual a telomerase acrescenta DNA às pontas dos cromossomos para substituir o material genético perdido nas multiplicações celulares. O processo retarda o envelhecimento e serve como uma fonte de juventude para as células “boas”, mas também facilita o crescimento de tumores ao impedir a degradação de células “malignas”.
A importância desta descoberta é principalmente atribuída ao envelhecimento e ao aparecimento de neoplasias. Quem não quer saber como parar de envelhecer ou impedir o aparecimento de câncer?
A bióloga molecular Elizabeth Blackburn, da Universidade de São Francisco, a professora de oncologia Carol Greider, da Universidade de John Hopkins e o professor de genética Jack Szostak, da Harvard Medical School, foram os cientistas agraciados pelo prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2009 (Fig.1). Em 1984, Elizabeth e Carol, então sua aluna, descobriram e batizaram a telomerase, enzima reguladora dos telômeros que já chegou a ser chamada de “enzima da imortalidade”. Mas a telomerase também está presente nas células cancerígenas (que têm uma capacidade ilimitada de multiplicação). Ou seja: a enzima da imortalidade também tem sérios efeitos negativos. É fundamental compreendê-la para entender o processo de envelhecimento e também ajudar na luta contra o câncer. Enquanto isso, pesquisas de Szostak e Elizabeth elucidaram de que modo o encurtamento dos telômeros está vinculado ao envelhecimento. Desde então, os estudos sobre a telomerase se transformaram em um dos campos mais disputados do desenvolvimento de novos medicamentos, principalmente para câncer, uma vez que, acredita-se, que a enzima exerce um papel ao permitir que as células tumorais se reproduzam sem controle.
O nome “telômero” vem do grego – significa “parte final”, exatamente o que são os telômeros: as extremidades dos cromossomos, como aquelas pontas de plástico dos cadarços do tênis (é assim que a Dra.Elizabeth Blackburn explica nas palestras e no seu livro: O Segredo está nos Telômeros – BLACKBURN, 2017). Eles são partes muito repetitivas, e não codificantes, do DNA. Os telômeros são responsáveis por manter a estabilidade estrutural do cromossomo. Á medida em que as células se dividem, multiplicando-se para regenerar os tecidos e órgãos do corpo, os telômeros vão encurtando e, por isso, com o passar do tempo, a célula não mais consegue se reproduzir, determinando a apoptose (morte celular fisiológica). Por isso, o comprimento dos telômeros é considerado um “biomarcador chave do envelhecimento” no nível molecular, embora não seja o único.
A enzima telomerase colabora no processo de proteção do envelhecimento impedindo o encolhimento dos telômeros com a divisão celular; portanto, protege os cromossomas, prolongando a vida deles. Essa enzima vai reparando o telômero, e adicionando mais bases de DNA, conforme a célula vai multiplicando, assim, pode-se dizer que alonga os telômeros.
O comprimento dos telômeros é medido em “pares de base”, que são os pares de nucleotídeos opostos e complementares que estão conectados por ligações de hidrogênio na cadeia do DNA. Esse tamanho varia muito entre espécies de seres vivos, e é dado em quilobases, que é uma unidade de medida da biologia molecular igual a mil pares de nucleotídeos, o que significaria 1 mil ‘pedaços’ na cadeia helicoidal de material genético humano. Especialmente no caso dos humanos, a longitude dos telômeros se deteriora passando de uma média de 11 quilobases no nascimento para cerca de 4 quilobases na velhice.
Os telômeros estão envolvidos em diversas funções biológicas essenciais, entre elas proteger os cromossomos de recombinações e fusões das seqüências finais com outros cromossomos; reconhecer danificações no DNA; estabelecer mecanismos para replicações dos cromossomos; contribuir na organização funcional cromossômica no interior do núcleo; participar na regulação da expressão genética, e servir à maquinaria molecular como um “relógio” que controla a capacidade replicativa de células humanas e a entrada destas em senescência celular. A telomerase é a enzima que evita o encurtamento progressivo dos telômeros a cada divisão celular e, consequentemente, evita a perda da informação genética. Na verdade, é um complexo enzimático ribonucleoproteico, que periodicamente recupera os segmentos de DNA perdidos. A questão importante levantada é que a maioria das células tumorais malignas, e as células-tronco embrionárias evitam o envelhecimento, ou seja, a senescência replicativa, através do aumento da atividade dessa enzima, a telomerase. Esse fato conduz à estabilização dos telômeros e contribui certamente para a “imortalidade” dessas células (PERINI et al, 2008).
Diversos estudos têm sido publicados sobre essa questão primordial: como alongar os telômeros sem estimular as células cancerígenas. No livro “O segredo está nos telômeros”, de Elizabeth Blackburn e Elissa Epel, encontram-se inúmeras referências bibliográficas apontando para o alongamento saudável dos telômeros através de hábitos de vida, alimentação e resiliência ao estresse. Dormir 7 horas de sono de boa qualidade por noite é uma das formas de alongar os telômeros. Fazer meditação e mindfullness, assim como prestar atenção em si mesmo são outras formas simples de envelhecer mais devagar e com mais qualidade. Com essas leituras entende-se que complementar a alimentação com multivitamínicos de qualidade, e entenda-se que é fundamental a qualidade, como venho assinalando nas minhas palestras; usar estratégias simples e naturais como as essências vibracionais do Sistema Floral de Ação Quântica, como auxiliar para modular a informação das células, e assim, harmonizar o sono, o controle do estresse, o olhar e prestar atenção em si mesmo, são atitudes inteligentes e essenciais para obter o desejado: diminuir o ritmo do envelhecimento sem desencadear a imortalidade das células tumorais (ARNT, 2018).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CANO, M. I. N. A vida nas pontas. Ciência Hoje. Vol 39. Número 229. 2006
BLACKBURN, E., EPEL, E. O segredo está nos telômeros: receita revolucionária para manter a juventude e viver mais e melhor. 1.ed. em português. Tradução Solange Pinheiro. Ed. Planeta, SP, 2017
PERINI, S. et al. A telomerase em células-tronco hematopoéticas Rev. bras. hematol. hemoter. 2008;30(1):47-53
ARNT, R. O Sistema Floral de Ação Quântica. 1ₐ ed. Graf. Massoni. Paraná. 2018
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