11 mar ATUALIZAÇÃO: COENZIMA Q10 E SEUS BENEFÍCIOS
Dra. Rosangela Arnt
1 – Especialista em Nutrologia, Saúde do Trabalhador e Práticas Ortomoleculares, exerceu a medicina por 37 anos, e, atualmente, dedica-se à carreira acadêmica. Idealizadora e professora de vários cursos, autorizados pelo MEC, de Extensão Universitária e Pós-graduação, pela EID (Escola Internacional de Desenvolvimento www.e-eid.com). Autora de diversos livros e palestrante internacional. Contato: @rosangelaarnt e www.youtube.com/c/RosangelaArnt/videos e www.rosangelaarnt.com.br
*artigo publicado na Revista Saúde Quântica – Ed. 16°
A decisão de escrever esse artigo surgiu da necessidade de atualizar nossos colegas, profissionais da área da saúde, sobre a complementação da Coenzima Q10 na prática clínica, de forma ponderal (matéria) e informacional (florais vibracionais), para beneficiar ainda mais seus pacientes. A Coenzima Q10 (CoQ10) é uma substância constituinte da membrana interna das mitocôndrias, as usinas produtoras de energia nas células eucarióticas, e é naturalmente produzida pelo organismo humano.
A CoQ10 foi identificada pela primeira vez em 1957, no Instituto de Enzimas da Universidade de Wisconsin, em Madison, pelo grupo chefiado pelo professor Fredrick L. Crane. É um antioxidante lipossolúvel, considerado o único que é sintetizado pelo corpo e que participa do sistema redox, tanto inibindo o início quanto a propagação da oxidação de lipídios e de proteínas, protegendo o DNA. Como também é transportadora de elétrons, atua na produção de ATP (trifosfato de adenosina), sendo geradora de energia celular. Por isso, sua maior concentração aparece dentro da mitocôndria. Em função da sua capacidade de trocar 02 elétrons em um ciclo redox, consegue ter a ação antioxidante, assim como, produzir energia; sendo a forma reduzida ubiquinol (doadora de elétrons) essencial para a função antioxidante da CoQ10, e a forma oxidada, ubiquinona, é receptora de elétrons. A ubiquinona (forma oxidada) é essencial à função da CoQ10 no metabolismo energético celular (síntese de ATP – Adenosina Trifosfato).
O ser humano pode obter Coenzima Q10 através da dieta, uma média de 2 a 5 mg/dia em uma dieta padrão, e, a sua maior quantidade, é obtida pela sintetização endógena, através do ciclo do mevalonato. Esse é o ciclo metabólico que produz colesterol, dolicol e a Coenzima Q10.
Observando esse ciclo natural endógeno pode-se entender os efeitos colaterais das estatinas, depletando a CoQ10, o que causa dores musculares, perda de força dos músculos, rabdomiólise, e até a morte. Tudo pela inibição da produção do colesterol, levando a inibição da produção da CoQ10 pois fazem parte do mesmo ciclo metabólico. Também podem interferir na produção endógena da CoQ10 medicamentos bifosfonatos, para doenças degenerativas ósseas, como a osteoporose, e os contraceptivos orais (pílulas anticoncepcionais).
Em torno dos 20 anos acontece o pico de produção endógena da CoQ10, e vai havendo uma queda da quantidade produzida, conforme vai avançando na idade. Observa-se uma redução nas concentrações endógenas também nos casos de doenças como diabetes mellitus, câncer e insuficiência cardíaca congestiva.
As fontes alimentares da CoQ10 mais conhecidas são: carnes tanto bovinas quanto de frango, e principalmente vísceras; oleaginosas como nozes, castanhas e amendoins; peixes gordos como atum, cavala, sardinha e salmão; grãos e farinhas integrais; tofu; vegetais escuros como brócolis e espinafre. Porém, a quantidade é muito pequena, e a absorção na parede do intestino não é muito boa por ter baixa solubilidade em água, melhorando um pouco se comer com alimentos mais gordurosos. As dietas modernas, ricas em alimentos refinados, são muito deficitárias de CoQ10 e de matéria-prima, que possa ajudar o organismo a fabricá-la. São necessários os seguintes nutrientes: o aminoácido tirosina, vitamina C e vitaminas do complexo B – B2, B3, B5, B6, B9 e B12. A suplementação passa a ser muito importante justamente por essas questões, além do aumento da necessidade em situações de estresse físico e emocional, e casos de diminuição da absorção.
Em 1972, os cientistas Gian Paolo Littarru e Karl Folkers evidenciaram o aparecimento de deficiência da CoQ10 nas doenças cardíacas, o que levou a realização de inúmeros trabalhos científicos e ensaios clínicos, expandindo o interesse para muitas outras áreas da saúde.
Atualmente, tem-se a comprovação das ações da CoQ10 produzindo os seus benefícios nas diversas alterações da saúde humana. É um potente antioxidante, especialmente inibindo a peroxidação lipídica, e aumentando a produção de antioxidantes essenciais como a SOD, superóxido dismutase, que reduz o excesso do estresse oxidativo e da inflamação vascular, comprovadamente, em pacientes hipertensos. Ainda nesse quesito, a CoQ10 regenera outros antioxidantes como a vitamina E, doando elétrons que reduzem o α-tocoferil para α-tocoferol. A CoQ10 reduz os níveis de peroxidação lipídica por meio da diminuição dos compostos pró-oxidativos, protegendo as membranas celulares, e tecidos ricos em lipídeos como cérebro, fígado, além de toda a circulação, coração e músculos, etc. Protege os vasos sanguíneos através da conservação do óxido nítrico (NO) e por incrementar o fluxo sanguíneo. Faz a prevenção da oxidação da LDL. Impede a sobrecarga dos canais de cálcio, estabilizando-os.
A CoQ10 apresenta ações imunoestimuladoras, pois as células imunológicas exibem alta demanda de energia para proliferarem, portanto, os leucócitos são ricos em CoQ10, para manterem a rede mitocondrial correta. Em um caso publicado em 2014, uma criança com deficiência primária de CoQ10 melhorou substancialmente a função das células T após a suplementação.
Com estas considerações, a falta da CoQ10 deve ser considerada sempre que houverem disfunções imunológicas e doenças metabólicas. Na área da oncologia também já é utilizada pelo seu potencial imunoestimulador, além de proteger o coração da cardiotoxicidade induzida pelos quimioterápicos.
Na área da odontologia, existem evidências de melhora das periodontites e regressão das gengivites, com a suplementação da CoQ10, porque a periodontite é causada pela resposta imune resultante do estímulo da placa microbiana na volta da margem gengival.
Em pacientes diagnosticados com doença coronariana, foram feitas revisões sistemáticas e meta-análises, avaliando os efeitos da CoQ10 no perfil lipídico. Os achados mostram redução significativa do colesterol total e dos triglicerídeos, aumento dos níveis de HDL, além de redução na pressão arterial, entre outros benefícios.
Resultados mais impactantes foram revelados no estudo randomizado, placebo-controlado e duplo-cego chamado Q-Symbio, publicado no Journal of American College of Cardiology (MORTENSEN et all, 2014). Nesse estudo, foram avaliados 420 pacientes com insuficiência cardíaca de moderada a grave, obtendo a redução da taxa de mortalidade em 42% no grupo que fez uso de 300mg de CoQ10 por dia, em comparação com o grupo placebo. Evidenciou também que, no longo prazo, a suplementação diária pode reduzir em 50% o risco de eventos cardíacos adversos maiores.
Muitos outros estudos mostram benefícios na suplementação da CoQ10 em pacientes com mitocondriopatias, fibromialgia, fadiga muscular, exercícios físicos extenuantes, doenças reumáticas, diabetes, enxaquecas, diminuição da fertilidade (tanto masculina quanto feminina), síndrome dos ovários policísticos, e nas crianças e adolescentes com transtorno do espectro autista.
O uso da CoQ10 como complemento alimentar se mostra muito seguro e bem tolerado. Doses muito altas como 1.200mg por dia, e até 2.400mg/dia em casos clínicos curtos, não apresentaram efeitos colaterais graves. Mas, a CoQ10 pode interagir com o anticoagulante warfarina e com a insulina medicamentosa. Em doses de 300mg ou acima, foram relatados em alguns pacientes, elevação das enzimas hepáticas, insônia ou distúrbios digestivos. Mas, não houve comprovação de toxicidade hepática. A média de reposição da CoQ10 no mercado é de 30 a 200mg/dia, por longo prazo. Casos mais graves podem ser usadas doses maiores, como 400mg/dia e até 600mg/dia, com controle e por tempo determinado do protocolo.
Uma recomendação é importante para melhor a absorção da suplementação da CoQ10: tomar durante o café da manhã ou do almoço, com alimentos gordurosos, e ainda melhor, com o uso concomitante na mesma refeição, de Ômega 3. E a proposta é de manutenção da suplementação por longo prazo. Lembrando que é um alimento, não um medicamento.
Existem produtos com CoQ10 dentro de fórmulas multivitamínicas, e produtos com CoQ10 isolada. O importante é verificar a qualidade do produto, e se é purificado. Como sempre me perguntam qual o produto que tomo, e que sugiro o uso nos meus protocolos, lembro aqui do Multicatal® com 30 mg de CoQ10 e muitas vitaminas, minerais e aminoácidos, além do óleo de coco, de altíssima qualidade de matéria prima; e do produto KenbiQ10® purificado com 200mg de CoQ10, em uma cápsula de 500mg.
Como existem propostas de estímulo energético para as células, com respostas clínicas provavelmente epigenéticas, o uso de fórmulas florais com tecnologia Quantum Health mostrou-se extremamente útil para a autorregulação da CoQ10 no organismo. A fórmula floral “Flower Q10” e a fórmula “Krebs” sendo administradas 03 a 04 vezes ao dia, com suas propostas de harmonização energética, podem beneficiar pessoas que apresentam dificuldades com a CoQ10, e podem aumentar a biorreceptividade no caso da CoQ10 suplementada.
Portanto, a sugestão é incorporar a suplementação desse nutriente na prática clínica, especialmente no envelhecimento, e nos casos que necessitam de energia celular, além da anti-oxidação.
Referências Bibliográficas:
MORTENSEN, S.A., et al. The Effect of Coenzyme Q10 on Morbidity and Mortality in Chronic Heart Failure. Journal of American College of Cardiology.2014. DOI:10.1016/j.jchf. 2014.06.008.
OLIVEIRA, C.I.A. Aspectos Farmacológicos da Coenzima Q10. Dissertação de Mestrado da Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal. 2012.
POLETTI, C., RITA, R. Coenzima Q10 atualização de seus benefícios. Revista de Prática Ortomolecular. No 30. Ano 2020.
ZHANG, P., et al. Treatment of Coenzyme Q10 for 24 Weeks Improves Lipid and Glycemic Profile in Dyslipidemic Individuals. J Clin Lipidol. 2018. DOI: 10.1016/j.jacl. 2017.12.006
Cristiane
Publicado em 14:26h, 06 junhoDra muito esclarecedor , tinha dúvidas de como usar Q10, mas agora estou mais segura. Gratidão.
Fernanda Tosta Machado Ponciano
Publicado em 13:23h, 05 fevereiroParabenizo pela matéria de suma utilidade. Suplementação é uma necessidade, pois alimentos já não têm a mesma quantidade de nutrientes essenciais a saúde do organismo.